O
regime militar foi um período desafortunado para uma geração em que se ouviu (e
sentiu) os primeiros estalos da rachadura da liberdade democrática. Por outro
lado, acho difícil alguém subestimar a honestidade pessoal de cada um que
presidiu o País naqueles tempos bicudos. Vejamos.
Para vocês terem uma ideia, quando
Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu
patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de
empresas públicas e privadas.
Já Costa e Silva, acometido por um
derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace
no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um
apartamento em construção, em Copacabana.
O gaúcho Garrastazu Médici dispunha,
como herança de família, de uma fazenda de Gado em Bagé, mas quando adoeceu
precisou ser tratado no Hospital da
Aeronáutica, no Galeão.
Nessa linha, o Ernesto Geisel, antes
de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis,
que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala,
no Rio.
Por último, João Figueiredo, depois
de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio do Dragão, em Petrópolis,
vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente
falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à
venda, ao que parece em estado de lamentável conservação.
Goste-se ou não, é uma realidade.
Essa reflexão deve ser avaliada de forma atenta e desapaixonada sobre os
governantes que assumiram a presidência após o regime militar. Cheio de curvas
sinuosas, entra governo, sai governo, a maldição continua. A cada dia, um
escândalo diferente solta dos jornais. Em maior ou menor medida, as mazelas não
são diferentes: corrupção, incapacidade administrativa, irresponsabilidade,
carência de ética e moralidade, ignorância, ausência de transparência e falta
de respeito ao cidadão.
O articulista Carlos Chagas, figura
de proa do nosso jornalismo político, sobre esse tema, afirma que os cinco
generais-presidentes até podem ter cometidos erros, mas não se meteram em
negócios escusos, não enriqueceram nem receberam benesses de empreiteiras
beneficiadas durante seus governos.
Por isso, me atrevo a concluir este
texto com uma polêmica, bem a calhar, esse “padrão de governar” já passou a ser
um cacoete profissional da política brasileira.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas
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