segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Extravio de bagagens



       Já notou que muita gente diz que adora viajar, mas depois que volta só recorda das coisas que deram errado. Evidentemente, que isso faz parte do pacote. Porém, só não esperava que o extravio ou desaparecimento de bagagens fizesse parte das coisas que deram errado nessa minha última viagem de férias.
            Que felicidade. Na esteira de bagagens do aeroporto, sua mala está entre as primeiras a aparecer. Mas, infelizmente, isso não aconteceu no aeroporto de Guarulhos, quando me dei conta de que as quatro bagagens que despachei apenas duas chegaram ao meu alcance.
            Chegou à bendita hora de procurar o setor de reclamação, no caso, as empresa LAN/TAM (grupo aéreo LATAM). Lembrei-me que já estamos acostumados com esse tipo de drama, abaixo da linha do Equador, onde vivemos tudo entre lágrimas e sangue, amores e ódios, decepções e alegrias. Já estamos acostumados em levar as bordoadas que a vida nos dar e mais algumas, e segurar a barra desse mundo como se fosse uma questão de destino apenas, e não de uma escolha.
            Estupefato de uma viagem de quase dois dias (entre aviões e aeroportos), mesmo assim, acendeu a lampadinha sobre minha cabeça para que me desse equilíbrio, não perdesse a paciência e a compostura no ato do registro de tal vindicação. Tenho estômago fraco para a estupidez e para a brutalidade, descontroles emocionais quando me deparo com situação igual a essa.
            Enquanto me policiava desse sentimento de constrangimento, já havia um grupo de passageiros p. da vida por não ter chegado também as suas bagagens. Por mais que o coitado do atendente tentasse justificar com sutileza nas palavras, não tinha jeito, o aborrecimento aumentava, enfezando ainda mais o ambiente.
            Pense numa zonzeira. Era gente chiando, outros gritando. Uma queixa geral. Até uma senhora, bem vistosa, ameaçou chamar a polícia, caso não encontrasse uma solução. “Alguém tem que fazer alguma coisa. Alguém tem que se mexer. Alguém tem que providenciar. Alguém tem que ver o que está acontecendo” – gritava ela, desesperada e histérica. Parecia que o diabo estava bufando em seu cangote, diante de tanta fúria.
            Cá entre nós, o pobre-atendente não tinha culpa e pouco podia fazer, a não ser tomar nota das queixas e levar o caso ao setor responsável. Além da burocracia de praxe, lhe cabia apenas ofertar aos reclamantes seu melhor sorriso e sua obsequiosa atenção. E nada mais. Foi dessa maneira que me senti quando chegou à vez de abordar a minha desconfortável reclamação.
            E por que isso acontece? Porque somos todos reféns daqueles que desprezam as leis. O Brasil continua não dando importância as leis, como se lei fosse coisa para gente sem imaginação. Por isso que estamos sozinhos nas nossas neuroses cotidianas.
            No próximo artigo, contarei o lado bom dessa viagem.


                                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                  Advogado e Administrador de Empresas

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