Já
notou que muita gente diz que adora viajar, mas depois que volta só recorda das
coisas que deram errado. Evidentemente, que isso faz parte do pacote. Porém, só
não esperava que o extravio ou desaparecimento de bagagens fizesse parte das
coisas que deram errado nessa minha última viagem de férias.
Que felicidade. Na esteira de bagagens
do aeroporto, sua mala está entre as primeiras a aparecer. Mas, infelizmente,
isso não aconteceu no aeroporto de Guarulhos, quando me dei conta de que as
quatro bagagens que despachei apenas duas chegaram ao meu alcance.
Chegou à bendita hora de procurar o
setor de reclamação, no caso, as empresa LAN/TAM (grupo aéreo LATAM).
Lembrei-me que já estamos acostumados com esse tipo de drama, abaixo da linha
do Equador, onde vivemos tudo entre lágrimas e sangue, amores e ódios,
decepções e alegrias. Já estamos acostumados em levar as bordoadas que a vida
nos dar e mais algumas, e segurar a barra desse mundo como se fosse uma questão
de destino apenas, e não de uma escolha.
Estupefato de uma viagem de quase
dois dias (entre aviões e aeroportos), mesmo assim, acendeu a lampadinha sobre
minha cabeça para que me desse equilíbrio, não perdesse a paciência e a
compostura no ato do registro de tal vindicação. Tenho estômago fraco para a
estupidez e para a brutalidade, descontroles emocionais quando me deparo com
situação igual a essa.
Enquanto me policiava desse
sentimento de constrangimento, já havia um grupo de passageiros p. da vida por
não ter chegado também as suas bagagens. Por mais que o coitado do atendente
tentasse justificar com sutileza nas palavras, não tinha jeito, o aborrecimento
aumentava, enfezando ainda mais o ambiente.
Pense numa zonzeira. Era gente
chiando, outros gritando. Uma queixa geral. Até uma senhora, bem vistosa,
ameaçou chamar a polícia, caso não encontrasse uma solução. “Alguém tem que
fazer alguma coisa. Alguém tem que se mexer. Alguém tem que providenciar.
Alguém tem que ver o que está acontecendo” – gritava ela, desesperada e
histérica. Parecia que o diabo estava bufando em seu cangote, diante de tanta
fúria.
Cá entre nós, o pobre-atendente não
tinha culpa e pouco podia fazer, a não ser tomar nota das queixas e levar o
caso ao setor responsável. Além da burocracia de praxe, lhe cabia apenas
ofertar aos reclamantes seu melhor sorriso e sua obsequiosa atenção. E nada
mais. Foi dessa maneira que me senti quando chegou à vez de abordar a minha
desconfortável reclamação.
E por que isso acontece? Porque somos
todos reféns daqueles que desprezam as leis. O Brasil continua não dando
importância as leis, como se lei fosse coisa para gente sem imaginação. Por
isso que estamos sozinhos nas nossas neuroses cotidianas.
No próximo artigo, contarei o lado
bom dessa viagem.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas
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