Os
partidos políticos brasileiros, há um bom tempo, passaram ser figuras meramente
ilustrativas. Ocorre que essas legendas, para funcionar dentro de um sistema
viciado, acabaram por rasgar os seus programas partidários, traindo os seus
eleitores.
Sem subliminares, chega a embrulhar
o estômago os argumentos dos políticos para justificar a saída de um partido
para outro. Em vez de uma higienização nos modos da política, assistimos hoje a
uma festival de troca-troca de partidos e de criação de novas siglas, que já
são 32 no País, por enquanto! Nesse tipo de república (com “r” minúsculo) e
nesse tipo de democracia (com “d” minúsculo) que ninguém se iluda: a tese de
partido acabou.
Ora, ora, melhor seria uma ampla e
profunda reforma política, exigindo de siglas e afiliados respeito aos
princípios programáticos. Essa prática esdrúxula, amparada por uma legislação
equivocada, é mais uma de nossas jabuticabas. Pior: é que somos coadjuvantes
desse teatro, bobos da corte mascarada.
É chegado a hora de deixar o marasmo
de lado, tomar fôlego para combater os políticos aproveitadores desse sistema
pernicioso. Está na hora de parar de apontar o dedo e fazer autocrítica,
simplesmente. Todos nós, sim, somos responsáveis por esse estado de coisa. A
cada eleição estamos lá referendando as suas candidaturas e apertando as suas
mãos, quando deveríamos repelir.
Quem diria que a Marina Silva, com o
seu projeto de criação da “Rede Sustentabilidade”, viesse decepcionar os seus
seguidores com uma proposta de fazer da política uma nova política. A bem da
verdade, ela é igual a todos os outros políticos, não pensam na próxima
geração, mas na próxima eleição. A queixa comum é de que essa prática passou do
limite: a ideologia dos programas partidários não tem valor, o que tem valor é
outra coisa.
Decepção. Sem floreio retórico, essa
é a palavra que melhor define a decisão de Marina Silva em se filiar ao PSB.
Agora, com seu parceiro Eduardo Campos representa tudo àquilo que ela combatia:
histórico de fisiologismo, latifúndio, elite empresarial de Pernambuco, usineiro
tradicional. Por favor, não confundam o que digo com “desculpologia”.
De fato. Apenas quatro partidos são mais
do que suficientes para agregar com conforto e concisão todas as possíveis
vertentes do pensamento político, econômico e social. Ou a sociedade força essa
mudança de forma contundente, fazendo com que a política deixa de ser um balcão
de negócio, ou ela nunca ocorrerá e o Brasil será sempre explorado pelos
pseudocavalheiros da esperança.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas
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