domingo, 2 de dezembro de 2012

Cantilena de vendedor

       Quem me conhece já está careca de saber (adoro essa expressão, embora não tenha nada a ver uma coisa com outra: queda de cabelo com a ratificação de uma informação) que detesto tipo de vendedor que pega no pé do cliente até vencê-lo pelo cansaço.
            Fujo mesmo. Ao entrar numa loja para comprar um produto exposto na vitrine, tento ter o cuidado de não ser assediado pela conversa do vendedor de que “já viu isso, já viu aquilo?”. E mesmo que eu diga que “estou só olhando” o cara não se toca. Às vezes tenho de me policiar para não ser indelicado. Por isso, fujo correndo de vendedores extremamente solícitos.
            E olha só: vejo-me nesse direito, porque não possuo aquela cara-de-pau de fazer o vendedor desmontar a loja toda e não levar nada. Ou de perguntar o preço de tudo e depois aplicar aquele velho eufemismo “obrigado, depois eu volto” e não volta nunca.
            Pior de tudo, é quando uma vendedora – sempre a empregada mais bonita, mais bem-vestida, mais perfumada e mais maquiada de todas – se aproxima e pergunta com voz doce: “Boa tarde, já possui o nosso cartão?”. Pense no lero-lero sobre todas as maravilhas e estupendas vantagens de possuir um cartão personalizado da loja.
            Quando você recusa o tal cartão, a vendedora, não satisfeita, encara o seguinte diálogo:
            - Vamos fazer, então, um crediário? É rapidinho. Só preciso do CPF.
            - Não, obrigado.
            - Podemos parcelar em até 24 meses, além da carência de 2 meses para começar a pagar.
            - Não, não Posso.
            - Mais é rapidinho, quase não tem fila no crediário!
            - Não quero. Chega!!!
            Como se não bastasse toda essa cantilena, tem ainda a quebra da confiança. Outro dia experimentei um paletó e o danado não fechava condizentemente. Estava mais que nítido esse desconforto. Solicitei o vendedor um número maior. Aí, de pronto, ele me respondeu:
            - Não temos. Mais esse ficou muito bem em você. Perfeito!
            Sem meias-palavras, olhei, olhei, avaliei e lhe respondi:
            - Em vez de se preocupar com suas “gentilezas”, gostaria que fosse apenas verdadeiro.
            Ah! Quando me fiz administrador de empresas, aprendi que o vendedor tem o poder de cativar ou expulsar o cliente definitivamente da empresa.


                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e Administrador de Empresas

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