segunda-feira, 18 de junho de 2012

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       Acabei de ler a última página do livro “1822” (Nova Fronteira, 2010) do escritor Laurentino Gomes. Senti-me inebriado, é esse mesmo o termo. Citações a seu respeito tratam-no de “Depois de ler este livro, finalmente consegui entender o Brasil”, “Um dos melhores livros de História que já li” e por aí vai.
            Quem observasse o Brasil em 1822, segundo o referido autor, teria razão de sobra para duvidar de sua viabilidade como nação independente e soberana. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Em uma população carente de tudo. O analfabetismo era geral. Acredite: de cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever.
            O livro procura explicar como o Brasil conseguiu manter a integridade do seu território e se firmar como nação independente por uma notável combinação de sorte, acaso, improvisação, e também de sabedoria de algumas lideranças incumbidas de conduzir os destinos do País naquele momento de grandes sonhos e perigos.
            Sobre “O Grito do Ipiranga” o escritor considera uma piada; uma vez que a montaria usada por D.Pedro, diante do riacho do Ipiranga, nem de longe lembrava o fogoso alazão que, meio século mais tarde, o pintor paraibano, Pedro Américo, colocaria no quadro “Independência ou Morte”, uma situação completamente fora da realidade. Isto sem falar dos problemas intestinais que atingiu o príncipe, fazendo com que ele não tivesse força e disposição para gritar, de forma estridente,como se noticiam, a independência de Portugal.
       A vida privada de D.Pedro foi intensa e tumultuada. Embora não bebesse (com medo de sua epilepsia), gostava de farras, noitadas, amigos de má reputação e, em especial, das mulheres. Pelo visto, eu diria que D.Pedro tinha fachada de catedral e fundo de bordel. Em razão desse seu comportamento excessivo, exagerado, desmedido (...) tenha sido um dos motivos da morte prematura (29 anos) de sua esposa, a imperatriz D.Leopoldina.
            Os baianos foram os brasileiros que mais lutaram e sofreram pela independência. É triste constatar que “Dois de Julho” (data comemorativa desse fato histórico) que denominava o aeroporto de Salvador, passou a ser chamado “Luiz Eduardo Magalhães”. Prática aviltante, abusiva e destoante. Puxa! Isso é até pecado.
            Em resumo, sem meias-palavras, o autor pergunta: o Brasil deu certo ou errado? A resposta, como sempre, depende do ponto de vista do observador.


                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                           Advogado e Administrador de Empresas

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