sexta-feira, 15 de julho de 2011

Exame de Ordem da OAB

            É lamentável, mas infelizmente é verdade o resultado do último exame da OAB (dezembro/2010) em que foram reprovados 88,27% do total de bacharéis inscritos. Ao dar olhadinha verifica-se que na lista divulgada 90 cursos de direito não aprovou ninguém. Aqui, na Paraíba, duas das 14 instituições não tiveram candidatos aprovados.
            Triste, não? Ao expor esse resultado, parece que o “burro” passa ser o bacharel, que estudou, se preparou, acreditou... e não passou. É o verso e reverso do exame fazendo suas vítimas. Certamente o grande filósofo “abestado” e psicodélico Zé Simão diria: “Ô ignorante, a culpa é sua que não soube escolher a faculdade, pô!”.
            O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, foi implacável no diagnóstico: “Nós estamos vivendo um verdadeiro estelionato educacional, em que o cidadão entra na faculdade com a promessa de sair com um diploma para ser advogado e acaba saindo de lá sem qualquer tipo de possibilidade de estar no mercado de trabalho”.
            É ingenuidade achar que tais ponderações vão servir de elixir de motivação para os bacharéis se a OAB não exigir providências imediatas, valentes e eficazes (como é de sua tradição histórica) contra essas mazelas. Apenas criticar não é o suficiente tampouco é prática inteligente.
            Junto-me àqueles que tem a leitura de que a educação vem sendo maltratada há décadas. Agora, quando país pode dar um salto de crescimento, a educação cobra a conta. Diante desse absurdo, uma pergunta maior se impõe: alguém está realmente interessado em solucionar esse problema?
            No mundo corporativo, a escolha da instituição de ensino pelo aluno está sustentada pela imagem da credibilidade, seriedade e sucesso. Desta forma, será permitido identificar seus pontos fortes e fracos num mercado onde há registro de 1.240 cursos superiores de Direito no país. Com esse número, o Brasil se consagra como a nação que mais tem esse tipo de curso em relação ao resto do mundo (total de 1.100).
            Sem querer açúcar os fatos, um argumento que vem ganhando força é a indústria que o Exame de Ordem fomenta, movimentando milhões de reais em lucros para editoras em cursos preparatórios, sem elevar em nada o nível dos profissionais ou sequer melhorar as faculdades e universidades donde os bacharéis reprovados provêem.
            É preciso sussurrar aos dirigentes da OAB que o Exame de Ordem não é para ser um teste de seleção dos melhores. Trata-se, isso sim, de uma prova de avaliação do conhecimento básico de um advogado principiante. No português claro: a prova da OAB não tem uma formulação adequada.


LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas

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