Estamos
sendo conhecidos como o País da cueca, depois de mais um episódio envolvendo
agora o senador Chico Rodrigues, pego com dinheiro escondido na cueca (entre as
nádegas), provocando a indignação moral de todos.
Com se não bastasse essa indignação,
ele foi substituído automaticamente pelo seu filho Pedro Arthur Rodrigues, como
primeiro suplente de senador, enquanto seu pai está preocupado em se defender junto
ao Conselho de Ética do Senado. É ou não é um puro deboche?!
Precisamos pôr o dedo nessa ferida:
isso é absolutamente descabido e antidemocrático. O filho não seria eleito se o
pai não tivesse sido. Voto não é herança. Isso é monarquia eleitoral.
Não há escapatória, Brasil não se pode
dar ao luxo dessa insensatez. É impossível evoluir numa Reforma Administrativa
e Política sem banir a figura do nepotismo.
Nepotismo é o termo utilizado para
designar o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de
pessoas mais qualificadas especialmente no que diz respeito à nomeação ou
elevação de cargos, ou indicações políticas com vista de preservar e continuar
com interesses de ordem familiar, espécie de feudo político.
Nestas eleições municipais - por aí,
e por aqui -, vimos o patrimonialismo via nepotismo em pleno vapor. Esposas e
filhos de candidatos ficha suja vão se autossubstituir. Pais, irmãos, filhos de
senadores, deputados federais e estaduais em mandato lançando familiares a
vereador. Início da carreira do profissional da política.
Já disse noutra oportunidade: a
nossa prática tupiniquim tem o péssimo hábito de esbarrar nos ditames da
realidade. É o caso da Constituição que faz apenas a ressalva da
inelegibilidade reflexa, quando o cônjuge e os parentes dos governantes, para
evitar o abuso de poder político, ficam temporariamente impedidos de se
candidatarem. De resto, tudo é possível.
O jeitinho está sempre presente no
cotidiano brasileiro. Em matéria eleitoral, vamos encontrar também esse
jeitinho na figura do nepotismo cruzado (“você cuida do meu, eu cuido do seu”),
burlando assim o mecanismo de controle.
É uma realidade: as redes sociais
são um perigo quando se transforma em vício, quando viram plataforma de
desinformação, valorizando o ódio, a luxúria, a discriminação. Contudo, se
houver um uso sensato, como atalho para espalhar boas ideias e promoção de
causas humanitárias, como também, denunciar a prática vergonhosa do nepotismo,
que belo recurso temos em mãos.
Portanto, sucinto, vou tentar dizer,
a meu modo: a cultura do nepotismo se expande em silêncio. Ocupa vazios e
sutilezas legais.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado, Administrador e Escritor
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