Outro
dia, estava ouvindo uma conversa num restaurante, na mesa ao lado.
- Não admito ser chamada de gordinha
ou gorda. Tenho consciência dos meus quilinhos a mais. Mas, não aceito que
ninguém me trate desse jeito.
Não possuo aquela verve terapeuta
que o caso requer, porém entendo que a “gordofobia” está impregnada em nossa
cultura. Mostrando como o machismo e a mídia transformam o corpo feminino em
objeto e impõe padrões estéticos artificiais.
No livro “Gorda não é palavrão”,
autoria de Fluvia Lacerda, que retrata a realidade das gordinhas, incentivando
as mulheres a deixarem de lado as pressões externas para descobrirem
efetivamente qual é o “corpo ideal”.
Fluvia, em mais de 18 anos de
carreira, como modelo plus size (tamanho maior) nos EUA, já foi fotografada em
diversas situações e campanhas de moda, mas ainda tem que escutar muita
pergunta chata e suportar a perplexidade alheia ao dizer que não pisa na
balança e não tem o menor interesse em saber quanto pesa.
No retorno de viagem ao Brasil pra
visitar seus familiares, ela saiu para fazer compras, num dos shoppings em São
Paulo. Enquanto estava ao celular, ficou mexendo nas peças dispostas na arara
de certa loja. Assim que desligou, ela se dirigiu a uma das vendedoras:
- Oi! Você tem outras estampas deste
modelo aqui?
A vendedora nem se deu ao trabalho
de lhe cumprimentar e disse:
- Não temos seu manequim nesta loja.
Imediatamente, a Fluvia desbocada
aparece. Respondendo na lata:
- Acho que você não me ouviu bem. O
que perguntei foi se tem outras estampas dessa aqui, não se tem meu tamanho.
Antes que a vendedora se desse conta
da besteira, Fluvia disparou:
- Eu tenho dinheiro para gastar
nesta loja. E não é pouco. Mas vocês perderam a oportunidade de vender porque
são preconceituosas.
Que coisa, hein? Exposição vexatória
e deselegante. Não é preciso deitar em nenhum divã de psicanalista para
entender a razão dessa cisma com as gordinhas. Não sei bem por quê? Só sei que
o corpo perfeito é o corpo que você tem! Sem nenhuma comparação. Sem nenhum
parâmetro. Sem nenhum certo ou errado.
Sem meias palavras, não aceite
piadas, não aceite olhares tortos, não aceite julgamentos, não aceite nada que lhe
diminua. Se você quiser mudanças em seu corpo, você é livre pra isso, mas faça
somente se realmente você deseja, e jamais, porque querem ou te obriguem a
fazer essa mudança.
As gordinhas, meu abraço e meu
carinho.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado, Administrador e Escritor
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