É
triste eu ter que escrever sobre isso. É triste ver gente como eu gritando por
esse Brasil afora pelo óbvio de invocar a Lei (e bom senso) contra as
autoridades e contra empresários/executivos inoperantes, incompetentes ou
corruptos.
Quantos Brumadinhos e Marianas ainda
virão? A negligência e a irresponsabilidade venceram outra vez. Indignação,
vergonha, não sei que nome dar ao meu sentimento e ao sentimento do brasileiro diante
desta segunda tragédia. Dói fundo.
Já se contam mais de 110 mortos, e o
número de desaparecidos ainda beira os 238. Uma tragédia cuja dimensão humana
encontra poucos paralelos no País, mas que tem na sua origem um fator escabroso
repetido: o descaso com protocolos básicos de prevenção de desastre.
O rastro de destruição deixado há
meros três anos parecia capaz de forçar uma mudança de atitude. Mas que nada. O
próprio presidente da Vale, empresa envolvida nas duas ocorrências, assumiu o
cargo proclamando o lema “Mariana nunca mais”. Pelo visto, a promessa pouco
durou. Quase um deboche. Simples assim, embora penoso.
Em meio ao tradicional jogo de
empurra de responsabilidades, sabe-se que o principal culpado é o poder
público, ineficiente no cumprimento de suas atribuições. Fiscaliza de maneira
precária e, no mais das vezes, toma providências quando o infortúnio se
consumou. Isso não tem desculpa, não tem perdão.
Torna-se claro que há uma falha
coletiva, institucional. Como é caso, também, dos processos que se arrastam na
Justiça, que parecem não ter fim, as indenizações e multas a serem pagas pelos
que deveriam ter prevenidos os sinistros. Como se vê, todos (juntos e
misturados) dentro desse reino de descaso e insegurança.
É difícil não ver nessas calamidades
o consumo de uma cultura institucional frágil, na qual o desprezo pelo bem
público e pela coletividade tem prevalecido a favor dos interesses
particulares. Infelizmente!!!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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