Não existe argumento que rebate a
constatação de que o modelo atual de nossa Previdência é insustentável no
tempo. Não há horizonte azul. Nos últimos anos, seus gastos cresceram
exponencialmente e achataram demais as despesas.
Temos que evitar o bate-boca
ridículo e palanqueiro de que nada precisa mudar na Previdência. É pura
hipocrisia. É liquido e certo que o Brasil envelheceu e esse processo vai se
acelerar muito nas próximas décadas. Até 2025, a atual população de idosos
deverá crescer 50% e, até 2050, será por 2,5 vezes maior que agora. Com as regras atuais, será impossível manter
pagamentos dignos de aposentaria para todos os brasileiros. Neste particular,
não contam com a minha bênção. Temos que mudar!
Na ponta do lápis, não tem outra
saída. Sem as devidas mudanças, os benefícios previdenciários superariam 70% do
orçamento público já em 2030. O Brasil gasta cerca de 12% do PIB com
aposentarias, incluindo os pagamentos aos trabalhadores da iniciativa privada e
do serviço público. Chega uma cifra descomunal de R$ 740 bilhões. Trata-se de
uma montante equivalente a mais de 11 vezes o orçamento de investimentos do
governo federal.
Não vamos maquiar a realidade como o
politicamente burro faz. Ou seja, não podemos deixar de registrar que, embora a
expectativa de vida dos brasileiros seja de 75 anos, na média, segundo o IBGE,
os Estados do Nordeste – especialmente Maranhão, Piauí e Alagoas – ficam abaixo
disso, por volta dos 68 anos.
Convém notar, caso for implantado a
idade mínima de 65 anos, ninguém irá se aposentar nessa região, todos morrerão
no batente, sem direito a uma vida tranquila depois tantos anos de labuta.
Não se sabe ao certo, por fim, como
vai ficar a nossa Previdência, mas que vai mudar, com certeza que sim. É o
desafio. O Brasil não pode esperar.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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