domingo, 15 de novembro de 2015

Banda da bala

       Já comentei várias vezes, neste espaço, minha preocupação com a violência em nosso País. Beira a redundância dizer que a situação é gravíssima. Basta abrir os jornais ou ligar a tevê e lá estão os sinais dessa tragédia. É de se amedrontar.
            Não é pra menos, é de pedir clemência aos céus, são cerca de 53 mil assassinatos por ano, 143 assassinatos por dia, 6 assassinatos por hora. Em cada 100 mil habitantes, o índice no Brasil é de quase 26 assassinatos por habitante. A Organização Mundial da Saúde considera “nível de epidemia” uma taxa de mais de 10 assassinatos por 100 mil habitantes. Segundo essa organização, o Brasil é o país com maior número de homicídios no Mundo.
            Mas vamos ser francos: o cenário é aterrorizante, e pior, passou a ser trivial. A esta altura do campeonato, a divulgação desses números é como lavar roupa suja fora de casa e nos envergonhar ainda mais perante o mundo civilizado.
            A bancada da bala do Congresso, financiada pela indústria de armas e munições, está doida para mudar o texto do “Estatuto do Armamento”, tornando o Brasil um lugar de caubóis dispostos a matar ou morrer. No fundo, bem no fundo, não há nada de generoso, cavalheiresco ou mesmo digno de mérito nesse gesto. São sinais de pequenez, indignidade e canalhice.
            Entre as mudanças previstas, o registro da primeira arma passa a ser gratuita e já o registro da segunda passa a ser mais barata. Armas passam a ser vendidas para maiores de 21 anos (e não 25). A posse de armas passa a ser definitiva (revoga-se a necessidade de revalidá-la a cada três anos), passa a ser válido por dez anos. A taxa inicial de porte, que era de R$ 1.000,00, cai para R$ 300,00. Uma espécie de promoção mercadológica.
            Reconheço que alguns pontos do modelo de desarmamento têm quer ser revisto, mas não nessa amplitude. Temos que desarmar o bandido, e não simplesmente manter o bandido armado e armar a sociedade. A bancada da bala pouco está se lixando para esse confronto – guerra. Existe uma velha máxima de Brasília: políticos podem chorar no velório e até ajudar a carregar o caixão, mas nunca se jogam na cova com o finado.
            Para uma mente sã, como é o caso do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, sobre o assunto: “É um retrocesso. O argumento que se deve armar a população porque a segurança não faz seu trabalho é uma desculpa míope”.
            No mais, encerro: enquanto as “autoridades” bailam em torno de seus interesses pessoais, o Brasil afunda, sem perspectiva de segurança para sua gente.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e mestre em Administração
           
           
           


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