Já comentei várias vezes, neste espaço,
minha preocupação com a violência em nosso País. Beira a redundância dizer que
a situação é gravíssima. Basta abrir os jornais ou ligar a tevê e lá estão os
sinais dessa tragédia. É de se amedrontar.
Não é pra menos, é de pedir
clemência aos céus, são cerca de 53 mil assassinatos por ano, 143 assassinatos
por dia, 6 assassinatos por hora. Em cada 100 mil habitantes, o índice no
Brasil é de quase 26 assassinatos por habitante. A Organização Mundial da Saúde
considera “nível de epidemia” uma taxa de mais de 10 assassinatos por 100 mil
habitantes. Segundo essa organização, o Brasil é o país com maior número de
homicídios no Mundo.
Mas vamos ser francos: o cenário é
aterrorizante, e pior, passou a ser trivial. A esta altura do campeonato, a
divulgação desses números é como lavar roupa suja fora de casa e nos
envergonhar ainda mais perante o mundo civilizado.
A bancada da bala do Congresso,
financiada pela indústria de armas e munições, está doida para mudar o texto do
“Estatuto do Armamento”, tornando o Brasil um lugar de caubóis dispostos a
matar ou morrer. No fundo, bem no fundo, não há nada de generoso, cavalheiresco
ou mesmo digno de mérito nesse gesto. São sinais de pequenez, indignidade e
canalhice.
Entre as mudanças previstas, o registro
da primeira arma passa a ser gratuita e já o registro da segunda passa a ser
mais barata. Armas passam a ser vendidas para maiores de 21 anos (e não 25). A
posse de armas passa a ser definitiva (revoga-se a necessidade de revalidá-la a
cada três anos), passa a ser válido por dez anos. A taxa inicial de porte, que
era de R$ 1.000,00, cai para R$ 300,00. Uma espécie de promoção mercadológica.
Reconheço que alguns pontos do
modelo de desarmamento têm quer ser revisto, mas não nessa amplitude. Temos que
desarmar o bandido, e não simplesmente manter o bandido armado e armar a
sociedade. A bancada da bala pouco está se lixando para esse confronto –
guerra. Existe uma velha máxima de Brasília: políticos podem chorar no velório
e até ajudar a carregar o caixão, mas nunca se jogam na cova com o finado.
Para uma mente sã, como é o caso do
secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, sobre o
assunto: “É um retrocesso. O argumento que se deve armar a população porque a
segurança não faz seu trabalho é uma desculpa míope”.
No mais, encerro: enquanto as
“autoridades” bailam em torno de seus interesses pessoais, o Brasil afunda, sem
perspectiva de segurança para sua gente.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
mestre em Administração
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