A
base aliada do governo, principalmente o PMDB, não se conforma com as últimas
mudanças na composição da Esplanada dos Ministérios. Os partidos querem mais
espaços no governo, ou melhor, mais ministérios – e que sejam relevantes, para
não dizer, recheados de dinheiro.
A ultrajante realidade não permite o
governante ficar indiferente e lhe cobra uma atitude. Não só contra que
político assuma alguma pasta ministerial ou a direção de alguma organização
estatal, desde que preencha as qualidades (morais e técnicas) que a função
exige.
Por um tempo que não sei definir,
ficava pensativo, atônito, revoltado. Hoje não, porque passou a fazer parte de
nossa paisagem política, da nossa cultura eivada de venenosa ironia. Trata-se
de mais uma faceta deletéria da política brasileira.
Para um representante partidário ter
um papel público para o País, não precisa ter cargos, mas ideias, capacidade de
expor suas opiniões a que venha contribuir para o desenvolvimento da nação. E
não àquele político, como fala o meu amigo Cordeiro: “quando a coisa fica feia
tira o seu da reta”. Ele só surfa na onda favorável.
Tipo de prática que deveria ser
expurgado pelo governo ou pelo raio que o parta. A verdade é que a presidente
Dilma não tem traquejo político para lidar com um legislativo fisiológico,
perdulário, acostumado a barganhar cargos e benesses. São as sujas entranhas
dos partidos brasileiros.
Não são mais novidades que a
barganha política e loteamento de cargos são valores já arraigados no meio
político tupiniquim. Apesar das provas de que essa prática explica boa parte da
ineficiência e da corrupção no setor público, políticos de todos os partidos
usam o toma lá dá cá para se reeleger ou fazer sucessores.
Enquanto o Brasil estiver
subordinado aos partidos, nunca vai haver projetos que favoreçam as pessoas
mais necessitadas. As siglas só querem vantagens e benefícios, ocupando cargos
importantes na administração, quando esses cargos deveriam ser ocupados por
gestores competentes.
Mesmo Maquiavel, um mestre do
realismo político, teria dificuldade para compreender esse sistema. A cara de
pau é tamanha que chegam ao absurdo de ninguém escutar o grito das ruas. Será
que é difícil entender que os brasileiros estão cansados dessa malandragem
político-partidária. Puro cinismo? É claro. Interesse particular? Evidente.
Resta apenas a indignação. Tem que
desinfetar o aparelho do Estado do vírus partidário, da militância política.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas
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