segunda-feira, 17 de março de 2014

Malandragem político-partidário



       A base aliada do governo, principalmente o PMDB, não se conforma com as últimas mudanças na composição da Esplanada dos Ministérios. Os partidos querem mais espaços no governo, ou melhor, mais ministérios – e que sejam relevantes, para não dizer, recheados de dinheiro.
            A ultrajante realidade não permite o governante ficar indiferente e lhe cobra uma atitude. Não só contra que político assuma alguma pasta ministerial ou a direção de alguma organização estatal, desde que preencha as qualidades (morais e técnicas) que a função exige.
            Por um tempo que não sei definir, ficava pensativo, atônito, revoltado. Hoje não, porque passou a fazer parte de nossa paisagem política, da nossa cultura eivada de venenosa ironia. Trata-se de mais uma faceta deletéria da política brasileira.
            Para um representante partidário ter um papel público para o País, não precisa ter cargos, mas ideias, capacidade de expor suas opiniões a que venha contribuir para o desenvolvimento da nação. E não àquele político, como fala o meu amigo Cordeiro: “quando a coisa fica feia tira o seu da reta”. Ele só surfa na onda favorável.
            Tipo de prática que deveria ser expurgado pelo governo ou pelo raio que o parta. A verdade é que a presidente Dilma não tem traquejo político para lidar com um legislativo fisiológico, perdulário, acostumado a barganhar cargos e benesses. São as sujas entranhas dos partidos brasileiros.
            Não são mais novidades que a barganha política e loteamento de cargos são valores já arraigados no meio político tupiniquim. Apesar das provas de que essa prática explica boa parte da ineficiência e da corrupção no setor público, políticos de todos os partidos usam o toma lá dá cá para se reeleger ou fazer sucessores.
            Enquanto o Brasil estiver subordinado aos partidos, nunca vai haver projetos que favoreçam as pessoas mais necessitadas. As siglas só querem vantagens e benefícios, ocupando cargos importantes na administração, quando esses cargos deveriam ser ocupados por gestores competentes.
            Mesmo Maquiavel, um mestre do realismo político, teria dificuldade para compreender esse sistema. A cara de pau é tamanha que chegam ao absurdo de ninguém escutar o grito das ruas. Será que é difícil entender que os brasileiros estão cansados dessa malandragem político-partidária. Puro cinismo? É claro. Interesse particular? Evidente.
            Resta apenas a indignação. Tem que desinfetar o aparelho do Estado do vírus partidário, da militância política.
           
                                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                          Advogado e Administrador de Empresas


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