A
bagunça do trânsito está aí, diante de todos, para quem quiser ver. Por falar
isso, devemos lembrar que hoje pagamos o preço pelo que deixamos de fazer.
Essa situação é o retrato acabado da
inação de nossas autoridades. Nos anos 80, precisávamos ter construído metrôs e
veículos leves sobre trilhos (VLT) para resolver estruturalmente o transporte
urbano. As grandes cidades do mundo já tinham implantado sistemas sobre trilhos
e de grande capacidade, mas nós resolvemos investir nos ônibus. Pegue-se o
exemplo da Argentina. A sua primeira linha de metrô foi inaugurada em
01/12/1913. Incrível, não?
Mas isso me leva uma pergunta: Por
que houve investimentos apenas nesse meio de transporte (ônibus)? Porque eram mais baratos, porque os
empresários do setor eram influentes e porque se dizia que o Brasil não tinha
capacidade financeira nem técnica para tanto.
É triste e lamentável constatar que,
além do tempo para se deslocar ao trabalho, a maioria dos passageiros tem que
enfrentar uma verdadeira guerra diária em trens, metrôs e ônibus superlotados.
Sem contar do empurra-empurra, trens quebrados, infraestrutura precária,
descaso. Com isso, o Brasil perde tempo, produtividade, lucratividade e
qualidade de vida.
A bem da verdade, temos que
reconhecer que o Ministério das Cidades tem feito investimentos em todas as
cidades. São 60 bilhões, que estão sendo empregados em grandes obras
estruturantes. A preocupação é a execução dessas obras junto aos estados e
municípios para agilizar e cumprir os prazos daquilo que está pactuado em
contratos.
Os programas de Mobilidade Urbana
promovidos pelo governo federal visam a fomentar a cidadania e a inclusão
social por meio da universalização do acesso aos serviços públicos de transporte
coletivo e das ações estruturantes para o sistema do transporte coletivo urbano,
apoiando a qualificação, ampliação e infraestrutura de mobilidade urbana.
Não estou aqui para gastar latim à
toa (como dizem por aí!), sabendo-se o que estar por trás desse atraso nas
obras é a incúria de nossos administradores públicos. Não consigo enxergar
neles outro esforço que não o retórico. Nas ruas, até os jovens, sem papas nas
línguas e nos cartazes, denunciam muito bem esse estado de coisa: as mazelas e
as aberrações da política de gestão.
Um parêntese. Um taxista, disse-me
outro dia, de modo lacônico: “Dotô, esse trânsito está sendo um martírio. Não
dá para viver desse jeito”. Fecha parêntese.
Verdade? Sem dúvida; vocês sabem. Só quem não sabe são aqueles
desprovidos de visão de longo prazo e vazio de conteúdo.
Por
essa lógica, é imperioso acabar com a cultura do atraso. É preciso ser hoje.
Não dá para deixar para amanhã.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e Administrador de Empresas
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