Se puder dar uma entrada na cidade de Goiana, quando
estiver dirigindo a Recife, vai verificar que esse lugar mudou a sua rotina.
Tudo devido a futura fábrica da FIAT, previsto para 2015. Quando esse
empreendimento estiver concluído, gerará emprego para 4.500 trabalhadores.
Investimentos em torno de R$ 5,1 bilhões na referida unidade, onde serão
produzidos até 250 mil veículos por ano, numa área de 1.400 hectares.
Os modelos que serão produzidos
serão mantidos em segredo pela montadora. Além da FIAT, outras 14 fábricas
fornecedoras devem formar um pólo automotivo em Goiana, composto ainda por
centro de treinamento, centro de pesquisa, pista de testes e campos de prova.
Já o SENAI, por sua vez, pretende investir cerca de R$ 30 milhões na construção
de uma escola técnica voltada exclusivamente para o pólo. Sem falar da
importância do pólo vidreiro e do pólo farmacoquímico, juntos num investimento
de R$ 1,5 bilhões.
Nossa! Como dá uma inveja danada o
sucesso dos nossos vizinhos pernambucanos. São canteiros de obra em tudo que é
lugar. E aí quase morro infartado quando li que o governo da Paraíba ficou
feliz com o projeto da instalação da tal fábrica no município de Goiana.
Lamentavelmente, é um tipo de interpretação subversivamente conservadora da
cultura-política de gestão.
Parece uma piada, mas é surrealismo,
sem nenhum predicado de nossa triste realidade. É um cenário desalentador para
todos os paraibanos. Enquanto os nossos vizinhos caminham com a rapidez de uma
lebre, vemos aqui a Paraíba com a morosidade de um cágado para se tornar um
estado moderno e republicano. A verdade é que, entra governo e sai governo,
isso se torna rotina. Paira a sensação de que falta rumo, falta direção, falta
planejamento estratégico. Situação que nos puxa, ainda mais, à condição de
vira-lata do imobilismo econômico.
E, nessa vertente, subo pelas
paredes quando ouço ou leio entrevista de nossos governantes dizendo que a
Paraíba está no rumo certo para o desenvolvimento, ou melhor, está dando um
salto de prosperidade. Tudo balela! Puro canto do vigário. Um fator importante
responsável pela escassez de infraestrutura na Paraíba é a nossa histórica
vontade política (apequenada pelo duelo de grupos políticos) e a falta de
grandes projetos estruturantes.
Tem sentido: a Paraíba empacou no
mata-burro do desenvolvimento. Mata-burro, explico, é aquela ponte de travas
espaçadas feita para impedir que o gado, o cavalo e quiçá burros fujam. A gente
não consegue fugir.
Serei franco: não dá! Esse
descrédito afronta o cidadão paraibano. Tem que ter um cara de pé no chão, e
plural, que fuja desse estereótipo ridículo que vem tomando conta de nosso
futuro.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e Mestre em Administração
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