segunda-feira, 18 de março de 2013

Privatização da saúde



       Em minha opinião, mais uma vez, razoavelmente correta, era de se esperar que o SUS -  com quase 25 anos de implantação e com a responsabilidade de levar a saúde para todos -  amadurecesse o suficiente para executar plenamente as suas metas, transformando o Brasil em exemplo mundial na questão da saúde pública.
            Aqui no meu canto, deste espaço jornalístico, não tenho dúvida dizer que o SUS está em estado de coma, pedindo entrada na UTI de um hospital. Pior, com grandes chances de ficar na fila de espera de um hospital que deveria ser público, mas que está nas mãos da iniciativa privada.
            É nesse território que a incúria gerencial da gestão pública parece imperar. Ou seja: parece que o Brasil está indo na contramão daquilo que a nossa própria Constituição definiu. Hoje, os gastos privados em saúde são maiores que os gastos públicos. Nenhum sistema que pretende ser universal tem essa equação. Quando a gente tem 53% gastos privados contra apenas 47% de gastos públicos, isso explica a nossa imensa desigualdade.
            Cenário melancólico, que deixa qualquer especialista na área de cabelo em pé. O dado é alarmante. Mais da metade dos investimentos em saúde no País visam o setor privado, que atende um quarto da população brasileira por meio de convênios e clínicas particulares. Enquanto isso, o já minoritário investimento no setor público – que atende 75% da população – ainda se vê envolto em questões dúbias, como a liberação de grande parte de sua verba para entidades de direito privado, ditas “sem fins lucrativos”.
            Como não bastasse o desrespeitoso (mencionado) “gestão moderna”, temos ainda que aguentar a proliferação do comércio de planos de saúde por operadores privados, criando um setor denominado saúde suplementar.
            Diante das circunstâncias, é necessário ter homens leais a frente da administração pública, providos de coragem e conscientes de sua responsabilidade moral e ética para combaterem os interesses escusos dessas operadoras que empurram para o SUS aquilo que é mais caro, mais oneroso, que a rede não dá conta. E o insensato é que as tragédias passam em branco, incólumes, como se fossem fatalidades gratuitas.
            É por isso que, de vez em quando, meu amigo Cordeiro, bem ao seu estilo de botar a boca no trombone, assim se manifesta: “Brasil, a terra de pouca-vergonha oficializada!!”.
            Um dia, espero, esse penduricalho obtuso (vergonhoso) cairá totalmente. Vamos torcer... e rezar.

                                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                        Advogado e Mestre em Administração


               

Nenhum comentário:

Postar um comentário