domingo, 10 de março de 2013

O efeito tiririca



       Investimento tropeça e PIB do Brasil cresce 0,9% em 2012. Assim foi a manchete dos nossos principais jornais. As causas da retração dos investimentos são motivo de controvérsia. O governo culpa as incertezas do cenário internacional, analistas (liberal) culpam a falta de incentivos determinantes e a falta de investimentos na infraestrutura do Brasil.
            Nesse embate endurecido, a verdade é que a política econômica, ora implementada pelo governo, tem culpa no cartório. Ainda que a crise de endividamento na zona do euro tenha causado desaceleração generalizada, os números brasileiros estão entre os piores do G20, o grupo das principais economias mundiais. E a oposição, por sua vez, soltou os cachorros: o País está parado, mal administrado e por aí vai.
            Por outro lado, quem vai investir num ambiente em contínua metamorfose? Vamos àquilo que antigamente diziam ser as “vias de fato”. Ou seja, um fator importante responsável pela escassez de infraestrutura no Brasil é a nossa falta de planejamento.  É aquela coisa, não fomos educados para planejar. É quase impossível pensar em planejamento, em medidas de longo prazo, em estabelecer prazos e metas para o país como um todo e para cada um dos brasileiros.
            Entendo que é o capital privado que faz a roda da economia girar mais depressa ou mais devagar. Por isso que o investimento atual segue travado porque empresários perderam confiança num governo que muda as regras sem parar e multiplica ações desconexas.
            Tem que haver um projeto efetivo, em que o governo tenha peito para assumir o ônus e o bônus de suas decisões. Que não tenha medo de ir contra dogmas e consensos ultrapassados. Que não fique refém às medidas e aventuras econômicas quixotescas, do tipo da famosa troca de seis por meia dúzia. É o efeito tiririca: pior do que estar, não fica.
            É inadmissível que, além do “pibinho” (0,9%), a sétima economia do mundo apresente índices tão vexatórios de coleta e tratamento de esgoto, que um país rico em recursos hídricos tenha água escassa e de baixa qualidade em tantas cidades.
            Antes, eu ficava de saco cheio com o descaso e miopia das autoridades. Não fico mais. Porque isso já é fato recorrente e histórico. É o caso, por exemplo, da Transposição do Rio São Francisco, digno de uma opereta sem retoques, cuja construção vem arrastando há anos. É hora de o governo federal parar com o jogo de cena e assumir seus deveres.
            O intuito aqui não é só criticar e sim ensejar a discussão que, pela própria circunstância, deve ser longa. Não obstante, acredito, firmemente, que o Brasil é o futuro do futuro.


                                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                 Advogado e Mestre em Administração


               

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