segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Reforma trabalhista



       Calma. Não se pretende, aqui, afirmar que o anacronismo da legislação trabalhista seja fator crucial para o engessamento de nossa economia. Pois o gargalo que trava o nosso crescimento não se atribui apenas a essa questão, mas, sim, a legislação tributária injusta e ao resultado final de um governo perdulário, que arrecada muito, gasta mal e investe pouco.
            Infelizmente, passados 70 anos de nossa CLT (Consolidação das Leis Trabalhista), constata-se que as únicas mudanças até agora feitas a empurraram mais ao passado: contribuições sociais sobre verbas indenizatórias, incertezas dos nexos causais nas doenças profissionais, licenças ampliadas, novo aviso prévio e inseguranças jurídicas quanto ao trabalho à distância e/ou terceirizado.
            Não dá. Conclusão apressada e superficial, influenciada por certo fundamentalismo conservador que pensa: “É reforma trabalhista? Sou contra!”. Outra prova de ignorância é fazer oposição (falsa) ao tema. Decerto a reforma trabalhista terá efeito positivo.
            Cumpre lembrar, a esse respeito, que além de extemporâneas, alterações a varejo não atendem à necessidade de atualizadas leis. Precisamos de ampla e lúcida reforma trabalhista, de modo que empresas e trabalhadores tenham força para promover o crescimento sustentado e solucionar problemas que conspiram contra a competitividade.
            Verborragia à parte, a reforma trabalhista deve valorizar a liberdade de negociar, consagrada, por sua vez, na Constituição. Em vez de impositiva, é mais pertinente uma lei moderna, que preserve os direitos, mas incentive o diálogo democrático.
            O argumento fácil das “conquistas trabalhistas” sempre pode ser esgrima para justificar o espetáculo populista. É bom registrar que o investimento que uma empresa faz numa contratação está longe de ser apenas o salário bruto. Somados a benefícios como plano de saúde e vale-refeição, os encargos sociais e trabalhistas geram gastos de cerca de 70% sobre o valor do contracheque.
            Qual o espanto? Esperar grandeza de nossos Congressistas e iniciativa da nossa presidenta, seria o mesmo que plantar mamona e querer colher uva. Bate-boca não leva a nada. O fato mesmo é o seguinte: a taxa oficial de desemprego está em torno de 5%, e três em cada dez trabalhadores seguem na informalidade. Como não bastasse a desigualdade de renda, temos no Brasil cerca de dois milhões de ações trabalhistas ao ano e o país ocupa o 121º lugar no ranking do Fórum Econômico Mundial quanto à flexibilidade da lei trabalhista.
            Caso você não concorde comigo, leitor, não fique zangado nem ofendido. Como cristão, aprendi a conviver com quem tem ideias diferentes das minhas.


                                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                          Advogado e Administrador de Empresas
         
               
               

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