quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O filme "Lincoln"



       Dizem que o cinema é uma porta aberta para o mundo, um grande professor – para o bem e para o mal. No caso específico do filme “Lincoln” as lições estão carregadas de sabedorias.
            Vamos por pedaços. Nesse brilhante épico sobre os últimos quatro meses da vida do 16º presidente dos Estados Unidos, vislumbramos o poder da palavra, em todas as suas formas. Abraham Lincoln nasceu paupérrimo e mal foi à escola, porém conseguiu se formar advogado. Por natureza, era talentoso contador de “causos”; por treino, sabia falar a gente de todo tipo de extração, do mais humilde à mais elitista, e a fita de Spielberg revela tal linguajar com aquele toque todo peculiar e arrepiante que só ele sabe fazer.
            Esse estadista tomou a mais controvertida e crucial das decisões: impedir a secessão pela força, o que precipitou a Guerra Civil (1861-65) e acarretaria a abolição no país inteiro. Anulando, assim, o status dos negros como propriedade.
            O fenomenal Day-Lewis que interpreta Lincoln com imenso poder - o ator veste uma segunda pele -, através da palavra, usa cada argumento e truque de bastidores para tentar curar uma nação em tormenta. De um lado, uma sangrenta guerra civil, e de outro a fervente luta com o Congresso para que seja abolida a escravidão.
            Quase toda a cena acontece em sombrios ambientes domésticos com os personagens envoltos por cobertores e fumaça na umidade gélida de Washington, a câmara tirando um elegante efeito claro-escuro do contraste com a luz das vidraças.
            Pulando para os nossos dias, fico triste com a última declaração do atual presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, quando argumenta “realmente, ética não é um fim”. Respondo: É sim, parlamentar. Ética, no popular, é vergonha na cara. Cujo papel, outorgado pelo povo, tem como objetivo defender a democracia, que se constrói com instituições fortes, arejadas e atentas à realidade nacional. Isso é uma tapa (estalado) na cara da sociedade.
            Então, ao assistir o referido filme, fui tomado pela emoção, porque pude perceber um sentimento genuíno de civilidade e patriotismo dos americanos. Inveja, porque gostaria de ter vivenciado o mesmo sentimento em nosso País.
            Espero que a história do meu ilustre xará seja exemplo de renovação e inspiração na prática de nossos políticos que, na imensa maioria das vezes, vilipendiam a democracia brasileira.

                                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                 Advogado e Administrador de Empresas

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