segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A democracia em perigo

       Jamais esqueci uma frase atribuída a Mark Twain que diz que “nós temos o melhor governo que o dinheiro pode comprar”. Para nós, brasileiros, uma constatação e uma fé ao avesso. Razão pela qual estou ficando cético em relação à democracia em geral. Parece que um país democrático é um lugar onde são realizadas muitas eleições, a um custo alto, sem discutir questões substantivas e com candidatos travestidos em moeda de troca.
            Não vou usar eufemismo, mas esse processo político eleitoral vai de fracasso em fracasso, como no samba de Antônio Maria. É loucura o valor de uma campanha eleitoral hoje em dia. E de onde vem tal dinheiro? Ou vem de empresas (do poder econômico) com as quais os partidos fazem conluios; ou vem do Estado, através da corrupção e do Caixa 2.
            Há quem diga, e não parece absurdo, as eleições no Brasil se tornaram disputas que se assemelham a rinhas de galo, em que os partidos e seus respectivos candidatos competem por poder numa arena sem limites. Nessa competição, impõe-se a lei do mais forte, do mais astuto, de quem estiver disposto a pisotear qualquer obstáculo ético.
            Vergonha, vergonha! O povo brasileiro sente vergonha desse quadro de compadrio partidário, de lobistas simpatizantes, dos assaltantes de cofre público e de empresários sem escrúpulos. Em que cada qual joga em seu próprio “tabuleiro de xadrez”. Um verdadeiro mercado que pode quebrar a democracia. Impedindo, por consequência, que pouquíssimos candidatos se elegem com base em posições ideológicas ou militância.
            Você, caro leitor, já deve ter ouvido esse palavrão “neopatrimonialismo”, segundo sociólogos, significa modelo político no qual a elite governante desvia recursos do Estado para consolidar seu poder, com suborno sistemático de pessoas influentes e hipnose do povo pela propaganda. Seria, então, despropositado achar que atualmente não vivenciamos essa triste situação. Conforme sublinhou um constitucionalista, numa palavra, escárnio!
            Demorou a cair a ficha. Mas, finalmente, caiu. Pois cheguei a conclusão que o poder político eleitoral de uma pessoa é tão maior quanto maior for sua renda. Enquanto na Constituição de 1824 um rico valia apenas um voto, atualmente ele vale tantos votos quanto a propaganda feita com seus recursos for capaz de carrear. Esse é um juízo brutalmente honesto.
            É bom terminar aqui o texto, porque daqui a pouco vão me chamar de chato ou, pior, de comunista. Ora, logo eu que só li Marx apenas (frise-se apenas!) por exigência acadêmica.

                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e Administrador de Empresas

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