domingo, 9 de setembro de 2012

O sucesso da mentira

       Já reparou que o discurso é sempre igual em período de eleição. É aquela mesma ladainha de dizer que é um político honrado, que está sempre ao lado do eleitor, que garante acabar com a pobreza, que vai construir escolas, creches, hospitais, pontes, cemitérios... Agora, mudaram o palavreado, estão prometendo distribuir eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos - de cabo a rabo. No caso, parece um acinte. Mas fazer o quê?
            Desde os tempos de escola, aprendi que “é mais sábio contar uma mentira que parece verdade do que uma verdade que parece mentira”. Ademais, apesar dos pesares, “uma bela mentira encontra mais seguidores do que uma verdade feia”. Daí descobri porque a maioria dos políticos desenvolve a imaginação da mentira para ter êxito nas eleições.
            No fundo, e nem tão fundo, uma coisa é certa: qualquer um sabe dizer a verdade, mas é preciso inteligência para mentir. Dia destes ouvi do meu amigo Cordeiro, com bom humor e sarcasmo, que conheceu um mentiroso de excelência cepa. Quis a sorte que houvesse um baiano numa plenária eleitoreira, que lhe falou: “Cara, isso na minha terra, se chama ‘enrolation’, ‘embromation’. Quer saber: tô fora!’”.
            Li em um só suspiro e reli sem acreditar na afirmação do especialista norte-americano David Livingstone, da Universidade da Nova Inglaterra, que mentir é tão natural quanto respirar – e ainda promove o bem-estar psicológico. E mais: tanto no trabalho quanto fora dele, não falar a verdade é por vezes indispensável para o relacionamento. “Só quem é doente mental diz a verdade o tempo todo”, provoca o referido pesquisador em seu livro “Por que Mentimos – Os Fundamentos Biológicos e Psicológicos da Mentira”.
            Diante de tantas inverdades, acrescenta Livingstone: “Difícil imaginar a propaganda sem mentira. Quem quer romper à resistência a venda precisa ser bom manipulador – ou seja, um ótimo mentiroso. Mas ele não está sozinho. Outra pesquisadora, Pamela Meyer, chegou à conclusão semelhante em seu livro “Liespoting” (algo como “Pega-mentiras”), de que escamotear a verdade é uma das espinhas dorsais da vida social. Um dos estudos mencionados por Pamela conclui que durante uma semana nas empresas mente-se em 37% dos telefonemas, 27% das reuniões presenciais, 21% dos IMs de chats e 14% dos e-mails.
            Mesmo pela evidente ignorância que tenho sobre o assunto, concluo que talvez resida aí a razão do sucesso de tantos políticos carreiristas.


                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                           Advogado e Administrador de Empresas

               

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