quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bom exemplo na política


       Até lá na roça costuma-se dizer que a política no Brasil não tem jeito. Que a corrupção é a pior “doença” do país. Que parcela significativa dos políticos já nasce “doente”. Mas, diante dessas idiossincrasias de atitude e memória viva, temos um belo exemplo do deputado José Antonio Reguffe (PDT-DF) que estréia na Câmara Federal cortando gastos e com gabinete enxuto.
            Político de boa cepa, pouco afeito a holofotes, o deputado Reguffe ao tomar posse em fevereiro deste ano, reduziu a cota de atividade parlamentar de R$ 23.030,00 para R$ 4.600,00. Como se não bastasse, diminuiu de 25 para 9 o número de assessores no seu gabinete, baixando a verba  de gabinete de R$ 60.000,00 para 48.000,00. Tem mais: abriu mão do auxílio-moradia, que ele faz jus mesmo morando em Brasília.
            Viu só? Se os demais deputados seguissem seu exemplo, as contas do governo evitariam um gasto de R$ 1,2 bilhão nos próximos quatro anos. Assim, aqueles que torpedeiam os desejos do povo, perguntar-lhes não ofende: porque não copiam o bom do outro, só o mau?
            Eu, tu e nós (nem sempre eles) somos a favor da boa política. Basta que vá lá à estante, pegue o livro e o leia: o que temos de pior na política é arrogância, demagogia, fisiologismo, nepotismo e desrespeito às leis. E outras teses mais rasteiras, pontuadas de excessiva verborrágica gongórica, que a sociedade brasileira deve repudiar implacavelmente.
            No mínimo, no mínimo, o deputado Tiririca não tem nenhum motivo para estar tiririca e está rindo de orelha a orelha desde que pisou no Congresso, confirmado que, ao contrário do que ele dizia, pior do que está poderá (espero que não) ficar ainda pior. Pode? Neste Brasil pode! Sem querer, deixei escapar a palavra exata: -ridículo!
            Como disse um resignado senhor numa entrevista: “é fato que o Brasil rico, gordo e bondoso é para poucos, pouquíssimos brasileiros”. Ou melhor: esse é um país de todos, mas de poucos privilégios. É a velha história: e vai reclamar de quem mentiu, prometeu e não cumpriu, foi corrupto, ficou impune, pensou em mais poder, e não na sua gente.
            Não sei não, mas a democracia brasileira ainda está muito longe de representar a vontade popular, face ao anacronismo puro e nocivo de seus agentes políticos. Aproveitando-se, quase que irremediavelmente, do maior carma da Justiça: a lentidão na apreciação e julgamento de processos. Prática sem paralelo em nenhum outro lugar do mundo.
            Como vês, caro leitor, têm que expurgar o varejo da política, da politicalha. E aplaudir, de pé, o deputado Reguffe que demonstra ser diferente de alguns de seus pares que são certinhos por fora e têm por dentro uma vida errante.
             
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas

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