quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Workaholic

 

             Estranho, né? O termo acima em inglês é usado para identificar aqueles tão viciados em trabalho, que acaba afetando de modo negativo a qualidade de vida das pessoas – com estresse, perturbação psíquica, síndrome do pânico etc.

            Por outro lado, em consonância alguns estudos acadêmicos apontam que a relação entre trabalho e prazer desmistifica essa crença disseminada de que quem trabalha muito padece de uma vida prazerosa e feliz.

            Ora, ora! Estar satisfeito com o que se faz é uma das maneiras essenciais de um ser humano adulto tornar-se saudável, já que o trabalho - que toma a maior parte do dia - certamente tem influência sobre a saúde mental. Por isso, proliferam por aí afora os “guias-minuto”, cujo eufemismo politicamente correto varia conforme a livraria, em categorias como “aprimoramento profissional”, “estratégia corporativa”, “psicologia empresarial”, “recursos humanos” ou “biografia de negócios”.

            Alto lá! Trabalho só tem um sentido: ter uma vida melhor hoje, e não amanhã. O amanhã pode não chegar, por isto aproveite hoje. Não podemos trabalhar ao ponto de perdermos de vista nossos desejos, anseios e necessidades. Onde leva o homem a ser tragado e engolido – no corpo, na alma e nos seus nobres valores intrínsecos – pela ambição, ganância e outras figuras típicas de uma competição espúria.

            No duro mesmo não precisa fazer ginástica intelectual para entender que o mercado já valorizou muito o perfil profissional do workaholic. Varia muito de empresa para empresa, mas hoje este conceito de trabalhar além da conta está totalmente fora de moda, a tendência é que cada vez mais todos se mobilizem em prol da qualidade de vida, sem abdicar da lucratividade e competitividade. Mesmo porque, não é o horário que valoriza se alguém é bom profissional ou não, pelo contrário.

            Certa feita, disse o hilariante jornalista José Simão “...e uma coisa é categórica: ninguém pode chamar o Fernando Beira-Mar de vagabundo, e sim, de um grande workaholicismo. Porque ele trabalha até preso, para administrar às suas atividades de narcotráfico. Pois, uma coisa organizada no Brasil é o crime organizado”.

            Brincadeira à parte, sem querer fazer trocadilhos baratos, todo trabalho tem seu encanto. Eu cresci (como muita gente) aos trancos e barrancos, à custa de um sacrifício pessoal gigantesco.

            Uma vida de total dedicação ao trabalho - sem obsessão. Longe de se tornar escravo da vaidade e da futilidade.

 

 

                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                 Advogado, administrador e escritor

 

 

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