Para
mergulhar na história, estive em Cuba há 11 anos. Constatei que as pessoas
tinham medo de falar, desconfiadas. Desconheciam a realidade mundial,
informações somente pelas TVs estatais, controladas.
Um absurdo sem tamanho. Uma pobreza
generalizada. Não tinham passaporte,
presos no seu próprio país, não podiam sair. Avanço na saúde é uma lenda.
Embora exista uma rede básica de saúde adequada, herança soviética. No mais,
tudo sucateado, aparelhos velhos amarrados com arame.
Tudo lá funciona na base do
improviso – a famosa gambiarra. No ranking de Liberdade Econômica, de 178
países, Cuba está em 176, à frente apenas da Coreia do Norte e Venezuela.
Com
a onda de protestos que inundou recentemente às ruas de Cuba, desde as cidades
do interior até Havana, os manifestantes foram espancados, muitos foram
detidos, outros estão desaparecidos, repórteres foram sequestrados, uma
youtuber foi presa ao vivo enquanto dava entrevista.
Não
é só constrangedor, é vergonhoso e humilhante. Após anos de silêncio, os
cubanos saíram às ruas para protestar contra o regime comunista. Poucas vezes
ocorreram reações desse porte desde que a ditadura foi implantada, em 1959.
Infelizmente, a esquerda brasileira,
de modo geral, não seguiu o exemplo do premiado escritor José Saramago, quando
rompeu com o desastroso regime cubano, dizendo: “Até aqui cheguei”.
Há, sem dúvidas, boas razões para
tal. Não fosse o tirânico punho de aço da ditadura cubana, praticamente toda a
população daquela degradação já teria fugido para algum país onde pudesse ser
livre.
Como se sabe, não há democracia em
Cuba. Quem conhece o país sabe e vê o empobrecimento e a insatisfação da população,
que sofre com o autoritarismo governamental. Sou testemunha ocular dessa triste
realidade.
Como diz lá na minha terra natal,
Cajazeiras, esse regime não vale nem meio pequi roído. Alguém precisa sacudir o
cinismo desse regime. As ditaduras acham possível calar as pessoas
desligando-as do mundo – mas não, as coisas mudaram.
Escarafunchando os registros da
minha viagem à Cuba, apurei que o seu Partido Comunista tem 700 mil filiados, numa
população de 11 milhões. Os “revolucionários” não são atraídos por elevados
ideais socialistas, mas por benesses materiais que se estendem de empregos no
setor público à garantia de vagas nas universidades.
Pelo que constatei, mais cedo ou
mais tarde, atual revolta popular cubana iria ocorrer. Não há futuro para um
regime que caducou e vai cair podre.
O povo de Cuba clama a Deus.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado,
administrador e escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário