segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Marcas de uma geração

            É “vero”. Sou de uma geração em que se vivia uma vidinha prosaica, sem celulares nem transmissões de TV a cabo. Bons tempos aqueles onde o disco vinil reinava de forma absoluta. Atualmente, ainda bem, qualquer banda da moda já lança seus novos álbuns em vinil, e as gravadoras cada vez mais investem em relançamentos dos catálogos de seus principais artistas. Com simples argumento: “O vinil tem mais emoção”.
            Não há dúvida, apesar dos recursos tecnológicos de MP3, Ipod, smartphonds, o culto ao vinil está se disseminando e se revigorando. Segundo os especialistas, o som é comprovadamente melhor, sem contar que apreciar o material gráfico (31/ 31 cm) é muito mais extasiante e palpável.
            Longe de bate-bocas, digo que a geração que tem hoje entre 35 e 45 anos não conhece o toque sublime da música em vinil e a beleza original do sucesso de Chico Buarque, Vinicius de Morais, João Gilberto, Caetano Veloso, Roberto Carlos... artistas que inventaram a MPB, a Bossa Nova, a Jovem Guarda e o Tropicalismo.
            Vasculhei minha memória e descobri que essa geração é formada pelas mesmas coisas: Trapalhões, TV Pirata, Sítio do Pica-pau Amarelo, Zico e não Pelé.  Poucos, muito poucos, deixaram marcas na música, nas artes, na cultura. Não deixaram herança ou contribuição relevante para a próxima geração. Não implantaram nenhum paradigma a ser superados por eles. Não fizeram nenhuma revolução, não deixaram uma voz nova ao microfone. Uma geração que não teve coragem de romper, enterrar o velho, atualizar os discursos, propor mudanças, correr riscos, como admite o articulista Adriano Silva, partícipe dessa linhagem.
            Hoje, em tempos de sacanagem de Big Brother, me arrisco ainda afirmar que não nos tornamos liberais nem melhores, mas descarados. Costumo dizer: fala-se de dietas, amantes, moda, estrelato e licenciosidade com tanta confiança, como tudo isso fosse normal. Pior: sem qualquer preocupação de ser estereotipado de experts em futilidade. Ao contrário, até se gaba.
            Tá ruço, não tá? Então, é preciso pensar de maneira mais crítica, sem espaço para tergiversação, e com um olhar mais acurado, menos superficial sobre a realidade. Quando Heróclito comentou, há alguns séculos, que a única coisa permanente é a mudança, porque isto é uma coisa de agora.
            Eis aí, justamente aí, o diagnóstico: A vida muda, quando “você muda”.

              
                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                      Advogado e Administrador de Empresas

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