quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carnaval dos confrades de copo

            O carnaval além de ser a nossa grande festa popular, é também a festa culminante para todos os bebuns, pinguços, paus-d’água, beberrões e cachaceiros. Oportunidade para quem o único exercício físico que faz é levantamento de copo.
            Lembrei-me de um folião amigo, já de pileque, que dizia: “Cara, carnaval é isso aí! Não precisa ir ao bloco, o bloco é que vem a mim”. E completava: “É só engolir a dolorosa, na companhia de uma bela mulher, e entrar na folia”.
Conheci outro confrade, depois de encher a caveira, afirmava que carnaval só presta se tiver de porre, com aquela braminha da antártica bem gelada. Ele era um tipo de bêbado amigão: cheio de amor pra dar; quanto mais bebe, mais simpático fica. Sensível, emotivo, todo mundo para ele é amigo; até a mais vil e desprezível das criaturas é alvo de abraços e tapinhas nas costas.
Foi num dia desses de carnaval, zerando a sede com a tal braminha da antártica, quando me deparei com um homem com andar meio cambaleante e lhe perguntei para onde estava indo.
-Estou a caminho para ouvir uma palestra sobre os efeitos do álcool e das drogas no corpo humano.
Curioso, volto a lhe perguntar:
-Sério? E quem vai dar uma palestra durante o dia de carnaval?
Com o olhar de peixe morto e a cara de bobo, me respondeu:
-Minha esposa...
            Ah, bem me recordo de um dono de bar lá em Cajazeiras que tinha remédio para todos os males: cachaça com boldo para fígado, cachaça com raiz amarga para o estômago, cachaça com limão para a gripe... Cerveja era diurético, vinho combatia insônia, uísque baixava a pressão, e muitas outras receitas que ele indicava para uma legião de fãs cachaceiros e entusiasmados. O problema era que os “remédios” desse venal acabavam matando todos os seus pacientes.
            Em pleno carnaval que a figura do bêbado é mais emblemática através de frases engraçadas/criativas inseridas nas camisas de bloco. Exemplo: “Não maltrate o bêbado, indique-o ao bar mais próximo!”; “É melhor ser um bêbado conhecido do que um alcoólatra anônimo”.
            Enfim, brincadeiras à parte, um verdadeiro folião carnavalesco não se faz necessário a esse porre de cultura etílica. Uma vez que a vida humana tem valor e a bebida tira esse valor.

                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                  Advogado e Administrador de Empresas
        

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