Atual crise político-econômica é
daquele cenário surreal, nesta vida surreal, neste País surreal. Tem mais: a
mediocridade faz sua festa.
Ora direis (bradando como o cantor
Belchior), governos, todos eles, têm prazo de validade. A nação é perene. Por
essa leitura, longe de mim a pecha de futurólogo, mostra que o prazo de
validade do PT está correndo o sério risco de se exaurir, ou melhor, está
atrelado ao bom desempenho da presidente Dilma no restante do seu mandato.
Por outro lado, é bom registrar, que
a culpa dessa dificuldade governamental não se deve apenas a Dilma, mas sim, a
Lula que facilitou o acesso do povo a bens pessoais, e não a bens sociais – o
contrário do que fez a Europa no começo do século 20, que primeiro deu acesso à
educação, moradia, transporte e saúde, para então as pessoas chegarem aos bens
pessoais.
A que ponto chegamos: você vai a uma
favela e as pessoas têm TV a cores, fogão, geladeira, microondas, celular, computador
e até um carrinho todo aprumado, mas estão morando na favela, não têm
saneamento, educação de qualidade. É um governo que fez a inclusão econômica na
base do consumismo e não fez inclusão política. Nada mais equivocado. Deu
errado, claro.
É preciso curva-se às evidências de
que o cenário é de pesadelo. Está aí o alto índice de inadimplência apontado
pelo mercado. A promessa desenfreada de consumo - um “programa que engana mais
que sutiã com enchimento” - tem gerado uma cultura egocêntrica. Vejam: as
famílias começam a definir o seu perfil social pelos bens materiais que ela
adquire. Logo aparece alguém disputando o tamanho da casa com o vizinho, um
carro que ele comprou ou as luzes que ele coloca na frente da casa na época de
natal etc e tal.
Em meio à confusão, a militância
Petista hoje se divide em duas: por um lado, temos aqueles que têm consciência
crítica e sabem que o partido cometeu erros graves. Por outro lado, temos uma
militância tosca, despossuída de consciência e de qualificação política, que
justifica os erros e até mesmo a corrupção sem nenhum senso crítico.
Para encurtar a conversa, concordo
com o cientista político Aldo Fornazieri ao afirmar que o PT ou o “lulismo”,
como queiram, está “caducado, mas não esgotado”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração
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