Investimento
tropeça e PIB do Brasil cresce 0,9% em 2012. Assim foi a manchete dos nossos
principais jornais. As causas da retração dos investimentos são motivo de
controvérsia. O governo culpa as incertezas do cenário internacional, analistas
(liberal) culpam a falta de incentivos determinantes e a falta de investimentos
na infraestrutura do Brasil.
Nesse embate endurecido, a verdade é
que a política econômica, ora implementada pelo governo, tem culpa no cartório.
Ainda que a crise de endividamento na zona do euro tenha causado desaceleração
generalizada, os números brasileiros estão entre os piores do G20, o grupo das
principais economias mundiais. E a oposição, por sua vez, soltou os cachorros:
o País está parado, mal administrado e por aí vai.
Por outro lado, quem vai investir
num ambiente em contínua metamorfose? Vamos àquilo que antigamente diziam ser
as “vias de fato”. Ou seja, um fator importante responsável pela escassez de
infraestrutura no Brasil é a nossa falta de planejamento. É aquela coisa, não fomos educados para
planejar. É quase impossível pensar em planejamento, em medidas de longo prazo,
em estabelecer prazos e metas para o país como um todo e para cada um dos
brasileiros.
Entendo que é o capital privado que
faz a roda da economia girar mais depressa ou mais devagar. Por isso que o
investimento atual segue travado porque empresários perderam confiança num
governo que muda as regras sem parar e multiplica ações desconexas.
Tem que haver um projeto efetivo, em
que o governo tenha peito para assumir o ônus e o bônus de suas decisões. Que
não tenha medo de ir contra dogmas e consensos ultrapassados. Que não fique
refém às medidas e aventuras econômicas quixotescas, do tipo da famosa troca de
seis por meia dúzia. É o efeito tiririca: pior do que estar, não fica.
É inadmissível que, além do
“pibinho” (0,9%), a sétima economia do mundo apresente índices tão vexatórios
de coleta e tratamento de esgoto, que um país rico em recursos hídricos tenha
água escassa e de baixa qualidade em tantas cidades.
Antes, eu ficava de saco cheio com o
descaso e miopia das autoridades. Não fico mais. Porque isso já é fato
recorrente e histórico. É o caso, por exemplo, da Transposição do Rio São
Francisco, digno de uma opereta sem retoques, cuja construção vem arrastando há
anos. É hora de o governo federal parar com o jogo de cena e assumir seus
deveres.
O intuito aqui não é só criticar e
sim ensejar a discussão que, pela própria circunstância, deve ser longa. Não
obstante, acredito, firmemente, que o Brasil é o futuro do futuro.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre
em Administração
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