Dizem
que o cinema é uma porta aberta para o mundo, um grande professor – para o bem
e para o mal. No caso específico do filme “Lincoln” as lições estão carregadas
de sabedorias.
Vamos por pedaços. Nesse brilhante
épico sobre os últimos quatro meses da vida do 16º presidente dos Estados
Unidos, vislumbramos o poder da palavra, em todas as suas formas. Abraham
Lincoln nasceu paupérrimo e mal foi à escola, porém conseguiu se formar advogado.
Por natureza, era talentoso contador de “causos”; por treino, sabia falar a
gente de todo tipo de extração, do mais humilde à mais elitista, e a fita de
Spielberg revela tal linguajar com aquele toque todo peculiar e arrepiante que
só ele sabe fazer.
Esse estadista tomou a mais controvertida
e crucial das decisões: impedir a secessão pela força, o que precipitou a
Guerra Civil (1861-65) e acarretaria a abolição no país inteiro. Anulando,
assim, o status dos negros como propriedade.
O fenomenal Day-Lewis que interpreta
Lincoln com imenso poder - o ator veste uma segunda pele -, através da palavra,
usa cada argumento e truque de bastidores para tentar curar uma nação em
tormenta. De um lado, uma sangrenta guerra civil, e de outro a fervente luta
com o Congresso para que seja abolida a escravidão.
Quase toda a cena acontece em
sombrios ambientes domésticos com os personagens envoltos por cobertores e
fumaça na umidade gélida de Washington, a câmara tirando um elegante efeito
claro-escuro do contraste com a luz das vidraças.
Pulando para os nossos dias, fico
triste com a última declaração do atual presidente do Congresso Nacional, Renan
Calheiros, quando argumenta “realmente, ética não é um fim”. Respondo: É sim,
parlamentar. Ética, no popular, é vergonha na cara. Cujo papel, outorgado pelo
povo, tem como objetivo defender a democracia, que se constrói com instituições
fortes, arejadas e atentas à realidade nacional. Isso é uma tapa (estalado) na
cara da sociedade.
Então, ao assistir o referido filme,
fui tomado pela emoção, porque pude perceber um sentimento genuíno de
civilidade e patriotismo dos americanos. Inveja, porque gostaria de ter
vivenciado o mesmo sentimento em nosso País.
Espero que a história do meu ilustre
xará seja exemplo de renovação e inspiração na prática de nossos políticos que,
na imensa maioria das vezes, vilipendiam a democracia brasileira.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas
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