As
drogas ilícitas têm sido a “saia justa” de nossas autoridades para resolver (ou
atenuar) essa mazela que corrói o tecido social, problematizando com a
criminalidade e a violência nos grandes centros urbanos.
Já me vi várias vezes em meio à
discussão sobre o tema, em geral envoltas em preconceito e desinformação. Costumo
dizer que a droga é um jogo desigual, cujo alvo principal é a juventude.
Aproveitando, assim, essa fase de transformação, do idealismo, da contestação
de modelos vigentes, levam os jovens ao estímulo do consumo e da busca pelo
prazer.
Os meios de comunicação, por sua
vez, operam nas duas vias, instigando o consumo das drogas lícitas e
criminalizando sistematicamente as ilícitas, contribuindo para que prevaleça a
desinformação geral sobre o tema – talvez hoje o maior desafio a ser superado
no Brasil.
Os especialistas dizem que o
problema é que, quando se trata de uma droga lícita (álcool, por exemplo), as
escolas, a mídia e diversas instituições se sentem autorizadas e até
estimuladas a falar dos riscos relacionados ao consumo. Entretanto, quando se
refere de uma droga ilícita, parece haver espaço apenas para demonizar as
drogas, exagerando (e até mentindo) sobre os riscos e danos relacionados ao
uso. Isso acaba não sendo eficaz como prevenção, já que as informações são
deturpadas.
Proibição às drogas ilícitas passa a
ser questão de polícia e não de saúde. Para o usuário abusivo, que corresponde
à minoria do universo de usuários de drogas, o Estado não tem feito o seu dever
de casa que é de garantir um tratamento de saúde adequado. A internação forçada
seria a última medida a ser tomada, em casos extremos de surto, risco a própria
vida ou quando todas as outras formas estejam esgotadas, mas nunca como
política pública padrão.
Gostaria de estar enganado, mas a
verdade é que o Estado tenta impor esse método, atualmente, para mascarar sua
ineficiência. Baseado, contudo, da idéia alarmista de que existe uma “epidemia
do crack”. Ora, fica evidente o equívoco na difusão dessa informação quando
vemos que o álcool é responsável por 84% das mortes por uso abusivo de drogas
no Brasil. Pergunto: Por que, afinal, não se fala numa “epidemia de álcool”?
Logo, essa conversa não cola mais.
Pincei nos livros para ir em socorro
de mim e de muitos. Cheguei à conclusão que para reverte esse quadro o Estado
deveria mudar a sua compreensão sobre o tema (de que pobreza, violência,
drogas, juventude e criminalidade andam de mãos dadas) e entender o consumo de
drogas como uma questão de saúde pública e não simplesmente como crime. Tal
como existe para o álcool e o tabaco. Aí está, inevitavelmente, a grande sacada
contra as drogas.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre
em Administração
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