Infelizmente
volto ao tema, tratado por este articulista noutros artigos aqui publicados.
Em razão da alta dosagem de
desigualdade social, o racismo tornou-se um campo fértil para exposição vexatória
e degradante, não só no Brasil, como também, pelo mundo afora. É o caso do
racismo enfrentado pelo jogador Vinícius Júnior, craque do Real Madri.
Quem não se lembra do jogo
realizado, em meado do ano passado, entre o time Real Madri e Valencia, onde o
jogador Vinícius Júnior foi humilhado por um torcedor?
Só para colocar em contexto, o jogo
transcorria normalmente, quando um torcedor o atacou, gritando: Mono (macaco,
em espanhol). Em campo, Vinícius Júnior apontou para as arquibancadas,
identificando um dos racistas.
O juiz parou o jogo por alguns
instantes, não tomou qualquer providência adicional e retomou a partida.
Enquanto os insultos se agigantaram e tomaram o estádio inteiro. Num imbróglio
mais que indigesto!
Mas olha só: no fim da partida, já
nos acréscimos, deu-se um entrevero em campo. Um jogador do Valência, talvez
querendo gastar tempo, pois seu time continuava com vantagem de 1 a 0, desabou
não chão. Vinícius Júnior se dirigiu ao jogador, protestando, o goleiro adversário
correu até os dois e outro atacante adversário já chegou aplicando um mata-leão
em Vinícius, que reagiu empurrando o agressor pelo rosto.
Resultado: nada aconteceu com o
atacante do mata-leão, o goleiro recebeu cartão amarelo e Vinícius Júnior, que
jogara com um estádio gritando um insulto racista, foi expulso do jogo. Que
baita constrangimento!
Na entrevista coletiva depois do
jogo, o italiano Carlo Ancelotti, treinador do Real Madri, assim se manifestou:
“O que aconteceu hoje não pode acontecer, um estádio inteiro gritando ‘macaco’
para um jogador, e um treinador pensa em tirar o jogador (de campo) por causa
disso. Há algo errado nessa Liga (entidade que organiza o Campeonato
Espanhol)”.
O protesto de Vinícius Júnior não
foi em vão, ainda em Barcelona, o craque brasileiro recebeu a visita do
presidente da FIFA, o suíço-italiano Gianni Infantino, convidando-lhe para
liderar um comitê antirracismo da entidade, que lutará por punições rigorosas
contra jogadores, clubes ou torcedores que cometam ofensas racistas. Vinícius
aceitou.
O Instituto Vini Jr foi fundado em
julho de 2021. Foi idealizado por Vinícius para criar algo diferente das
iniciativas de outros jogadores brasileiros que seguiam um padrão: todos
giravam em torno de escolinha de futebol, onde crianças talentosas com a bola
participavam de projetos educacionais. Mas, sim, desenvolver oficinas de
educação antirracistas.
Um levantamento feito pelo citado
instituto mostrou que 80% das crianças da rede pública brasileira são negras. E
que não podem ficar à mercê desse preconceito arraigado de racismo.
Isso colide o que vai ao âmago de ser
humano: a humilhação.
LINCOLN CARTAXO DE
LIRA
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