Fiquei horrorizado com a onde de violência desencadeada contra os policiais em São Paulo. Retrato exímio de um país que vangloriar-se a todo instante que deixou o Terceiro Mundo, mas está mais próximo do Congo do que da Noruega. É exagero? Não. É asco? Sim.
É preciso fugir dos simplismos. Num país múltiplo e plural como o Brasil, não há mais espaço para um olhar paroquial. Uma letargia total, beirando a preguiça, cuja realidade é examinada com uma lente torta. Sênico ensinava que “não existe vento favorável para o marinheiro que não sabe aonde ir”. Assim, não basta “manter” a política de segurança que está aí, não vai resolver nadica de nada, absolutamente nada. Nem a pau, como diz a garotada.
É mesmo que acreditar em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Bicho-Papão, Saci Pererê, que a Rogéria é mulher... E que Deus é brasileiro. Vejo que o principal problema do Brasil reside na abissal desigualdade social. Além do mais, não existe punição implacável para os seus infratores. As leis são todas lenientes e indulgentes com a criminalidade. Não adianta ações paliativas, como desarmamento da população e outras simplesmente inócuas e desimportantes.
Isto mesmo! Não é preciso ser nenhum gênio nem ter acesso a informação de Inteligência para saber que algo está errado. Enquanto o nosso Código Penal não for revisado, ficaremos assistindo na TV a cenas fortes de matança todos os dias. Agora, a coisa ficou preta, uma vez que os criminosos inverteram a situação e começaram a caçar policiais. Não. Não. Não. Já basta.
Pelo visto, nossa vida não vale um vintém ou nem uma cibalena quando deparamos com o crime organizado, que impõe leis próprias destinadas a criar regras de conveniências, em defesa à estrutura do poder e imprimir que a barbárie autofágica desintegre suas fileiras.
Um amável leitor honrou-me com uma observação sobre esse tema. Salta aos olhos, diz ele, que o Brasil está precisando de uma política de tolerância zero contra a violência em geral. Para crimes hediondos, todos os benefícios de progressão de pena e indultos deveriam ser abolidos e não deveria ser possível aguardar julgamento ou recorrer de condenação em liberdade. Na sua assertiva, acrescenta: a maioridade penal deveria ser reduzida para 16 anos. Dirigir embriagado ou em alta velocidade e causar acidentes com mortos ou feridos deveria ser tratado como crime hediondo.
Por tudo isso e mais alguma coisa, que tais acontecimentos degradantes batem às portas de nossa consciência, dão um tampa na sociedade.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas
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