É
enfadonho voltar ao mesmo tema, mas se faz necessário em razão dos resultados
da eleição, onde os futuros gestores municipais passarão a ter um papel
importante no combate à corrupção – praga que contamina todo o tecido social e
todas as instâncias da esfera governamental.
Convenhamos, a corrupção só será
vencida com o fortalecimento das instituições públicas. Mais do que reprimir, é
imprescindível prevenir. Eu enxergo essa expectativa com otimismo. Exemplo
disso são as decisões do nosso STF em relação aos envolvidos (réus) do “mensalão”,
que desprezam a boa conduta, num verdadeiro clima de gangsterismo.
Voltando os olhos para essa realidade,
o ministro Celso de Melo classificou a corrupção como “perversão da ética do
poder e da ordem jurídica”. O seu (e o meu) há um ponto em comum nesse esquema:
o prejuízo ao cidadão, que paga seus impostos e recebe um serviço inadequado. Fato
incontroverso, é claro!
Temos que acabar com essa
brincadeira de que vivemos no País da piada pronta, como diz o humorista José
Simão. De boas intenções o inferno está cheio. A rigor, pode-se dizer (bem, eu
vou dizer) que muito desse estado de coisa deve-se ao modelo eleitoral (e não a
justiça) que está rigorosamente falido.
Li recentemente relato de um
prefeito da cidade do interior do Estado de São Paulo, ao ser entrevistado por
um jornalista, que buscava saber como ele conseguiu recurso para construir um
hospital de “primeiro mundo”, tão festejado e reconhecido por toda a região.
Verba do Ministério da Saúde? Patrocínio de um fundo de pensão? Ajuda do Eike
Batista?
Ora, nada disso. O prefeito revelou
que, desde que tomara posse, não roubara nem deixara ninguém roubar. Outros
prefeitos pagavam de 20% a 30% de comissão aos intermediários. Dessa maneira,
fez com que canalizasse esses recursos de volta ao orçamento de que dispunha.
Dando, assim, para fazer o famoso hospital e outras coisas mais.
Sou daqueles que comungam com a
opinião do historiador Capistrano de Abreu, que a Constituição Federal deveria
conter apenas um artigo: “Todo brasileiro deve ter vergonha na cara”. É um
sentimento grotesco, mais valioso, para que possamos virar a mesa... Combatendo
os “mequetrefes” (a palavra da moda) da política da máxima cínica do “toma lá
dá cá”.
Aos novos prefeitos, um lembrete
audacioso, democracia rima com transparência. E que a Carta Magna é a bússola
no caminho do sucesso.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas
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