Não é exagero dizer que a saúde dos
idosos no Brasil é de doer. E até de morrer. Como não bastasse dizer que
cidadãos em geral estão sujeitos a perder a vida em corredores de hospital,
inclusive nas da rede privada, imagine pessoas já em idade avançada.
A sociedade brasileira está
assistindo todos os dias na televisão mais uma novela burlesca, do gênero “a
saúde vai de mau a pior”. Recentemente um jornal de nossa cidade registrou que
para marcar uma consulta médica faz lembrar os “áureos” tempos do antigo INPS.
Mesmo quem tem um bom convênio médico pode levar no mínimo dois meses para ser
atendido, ao contrário da consulta particular, comumente marcado no horário
escolhido por aquele que pode pagar pelo menos R$ 200,00 pelo privilégio.
Ora, ignorar isso é ridículo,
errado, feio, ilógico etc. À vontade, confesso, é bradar com alguns bons
palavrões. Todavia, o sofrimento e os riscos são maiores quando se trata de
idoso de baixo poder aquisitivo, sem plano de saúde para consultas, exames e
eventuais internação. Se o caso for de emergência, é melhor contar com a sorte
para não se viver um drama.
Tal situação (de genética trivial)
gera sentimento de enclausuramento, dor, dúvida, angústia e representa o fracasso
do bicho humano moderno. Ou melhor: tudo isso nos parece ser uma grande e
redundante sacanagem no trato com o ser humano. Nada ver com bondade barata.
Quer
sinceridade? Nada disso é novidade. Virou lugar-comum afirmar que a saúde
pública “só funciona para quem tem dinheiro”. E pior: até hoje não se viu
nenhuma crítica arrebatadora contra essas mazelas, a não ser muita firula e
pouca ação.
À
questão vem à mente como algo que enoja e que, infelizmente, parece que não
mudará tão cedo enquanto aceitarmos jogar tudo para debaixo do tapete. Ah, se
eu pudesse, fazia um samba de protesto buarquiano, cujo mote seria o “desleixo
da saúde pública no Brasil”.
É
verdade. O desafio de superar as deficiências na atenção à saúde do idoso
começa pela observância do que já está na lei, coisa que não acontece. É
preciso conhecer e fazer cumprir a legislação, que inclui do atendimento
preferencial imediato e individualizado até acompanhante nos período de
internação e de observação, por tempo integral.
Ademais,
para sair dessa sinuca, a melhoria na saúde (como todo) não se restringe apenas
alocar mais recursos financeiros, mas também melhorar na eficiência da gestão,
da diminuição da corrupção e do cumprimento do modelo SUS.
LINCOLN CARTAXO DE
LIRA
lincoln.consultoria@hotmail.com
Advogado e Administrador de Empresas
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