Pelo visto, a Copa do Mundo de 2014 tem tudo para se transformar numa demonstração de incompetência nacional. Isso sem falar de um ambiente cheio de propinas, conchaves e falcatruas, onde Cachoeira é o personagem de proa dos últimos acontecimentos.
Se há algo que é quase unanimidade no Brasil é a paixão pelo futebol. Imagine a decepção e a vergonha desse povo saber que a Copa, a ser realizada em seu País, será da mentira e dos desmandos. Que beira a mediocridade. Nada disso é novo, mas é cada vez mais escabroso.
Trocando em miúdos bem miudinhos, li uma matéria que denunciava o custo extremo da Copa, e os indícios de corrupção. Relato do TCU, a Copa do Mundo já custa quase US$ 40 bilhões (R$ 71,6 bilhões). O valor é superior à soma das últimas três Copas, e seria suficiente para organizar sete Copas da Alemanha.
Tem mais: ainda segundo o TCU, a elevação no valor dos estádios, em relação à estimativa inicial, chega a 47%, ou R$ 2,5 bilhões. O valor serviria para se construir 46,3 mil casas ou apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida. A Fonte Nova, em Salvador, cujo custo inicial seria de R$ 591 milhões, agora custará R$ 835 milhões – 41% de aumento. Pela legislação, o aumento não pode superar 20%.
Dá para perceber que vamos começar a resmungar sobre o fardo dos déficits que herdaram as futuras gerações. Como boa parte desses recursos é emprestada, governos municipais e estaduais estão contraindo dívidas estrondosas. Um exemplo são as obras do Aquário e do Castelão, em Fortaleza. Pelos cálculos da Defensoria, a Prefeitura e o Governo vão se endividar por um prazo de 30 anos. Diz-se que não há recursos para atender as reivindicações dos professores e dos funcionários da segurança pública, mas tem para gastar R$ 9,5 bilhões na Copa.
Por essas e outras é que o povo brasileiro já começa se familiarizar com as expressões como “máfia” e “cosa nostra”, em que o poder criminoso oculto encontra-se incrustado na própria estrutura do Estado e da sociedade. Enquanto isso, deformam-se as verdades, nega-se o direito de rebelar e, mesmo quando as pessoas abrem os olhos, continuam no escuro.
Tá ruço! O certo é que, pelo andar da carruagem, a realidade da Copa 2014 terá um custo incalculável (afora o financeiro) para a moral do País.
Voltarei, ainda uma vez, ao assunto.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas
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